terça-feira, 19 de dezembro de 2017

As Alegrias da Maternidade



Maternidade: Estado, qualidade de ser mãe. Laço que liga a mãe aos filhos - Fonte: Dicionário On-line (Google)

Buchi Emecheta trás através da figura de Nnu Ego todos os extremos em relação a casamento e maternidade na machista sociedade nigeriana. Em uma história que possui um toque autobiográfico e foi escrito após uma decepção com sua filha.

Nnu Ego é filha de um importante líder de aldeia e sua amante, uma mulher corajosa e impetuosa, que infelizmente não vive tempo suficiente para ensinar a própria filha.

O primeiro contato com ela será em um momento de desespero. Após a morte do seu primeiro filho ela entra em desespero e seu único desejo é encerrar tamanha tristeza. Ela é salva e o leitor passa a acompanhar sua vida desde a sua concepção até a sua morte.

Ainda muito jovem vê o seu pai escolher o seu primeiro marido. E se no início ela se sentia feliz, vê a demora em engravidar tornar o seu tormento. Uma segunda esposa surge e o seu comportamento a levará de volta para casa.

Mas é no seu segundo casamento, em uma cidade maior, longe da força familiar, que ela terá que viver entre a submissão e superação. Não, ela não é estéril. Não, o marido não é o tipo de homem que ela escolheria para casar. Não, ela não possui escolhas.

Violência doméstica, criar e sustentar sozinha os filhos, fome, doenças, uma vida de martírio. E nenhum reconhecimento. A descriminação e desunião feminina, o julgamento sem apoio, a culpa colocada na vítima.

Não há alegrias na maternidade de Nnu Ego. É uma leitura reflexiva, sobre respeito, vida em sociedade, tradições, dúvidas e situações que ainda estão em muitas casas. E talvez este seja o choque maior, ver que uma história ambientada antes de 1950 possui comportamentos tão atuais ainda em 2017.

Em paralelo está um pouco da história da Nigéria, as tradições de cada povo que a compõe, a colonização inglesa, os impactos da segunda guerra mundial, a mudança de visão em relação aos estudos dos meninos nigerianos (já que as meninas são investimentos com retorno financeiro ao se casarem).

O incrível deste livro, que apesar de muito triste, é ele possuir uma narrativa de fácil leitura. Em nenhum momento ele cansa, as páginas fluem enquanto os dias na vida da personagem e sua família voam.

Um livro sobre ser mulher, esposa e mãe. Um livro sobre não ser homem, marido e pai. Um livro sobre ser filhos. Um livro para todos aprenderem que nada é fácil. Um livro para agradecer o que há de bom e mudar o que não satisfaz, pois ao contrário de Nnu Ego, o leitor possui escolhas e sim, ainda pode mudar o seu destino.

As alegrias da maternidade
Buchi Emecheta
Tradução Heloisa Jahn
TAG - Dublinense
320 páginas - 1979

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